Tempo de alienação

6.ª feira prometia um fim-de-semana estival, mas a proximidade do equinócio do Outono trouxe-nos chuva e trovoadas e a vontade de ir à praia desvaneceu-se por entre as nuvens.
Contudo, a semana havia sido um pouco complicada e era necessário recuperar as energias.
Assim, em vez de rumarmos a Poente, para a beira-mar, invertemos a nossa direcção e o destino foi a serra. Depois de um demorado almoço (não pela quantidade da comida, mas pelo prazer de desfrutarmos do lugar, da tranquilidade e do facto de estarmos juntos) aventurámo-nos. Primeiro pelas margens de um ribeiro e depois pelo meio do mato, abandonando os trilhos feitos à custa da passagem de outros que, como nós, procuram no silêncio daquele local um pouco de paz, afastando-se de um mundo muito mais selvagem do que a natureza que nos rodeava. Não fora a trovoada que ameaçava cair e o facto de a noite nos poder apanhar desprevenidos no meio do nada certamente teríamos prolongado aquele momento por mais umas horas.